Sunday, July 21, 2013

Pesadelo no trabalho (I)

Neste momento, não sei se devo considerar-me sortuda por ter um trabalho ou "moralmente violada" devido ao que eu tenho que aguentar para conseguir ter uma fonte de rendimento ao fim do mês.
Trabalho num hospital privado e assisto, desde que para cá entrei, a situações surreais. Já que não posso denunciar essas situações, vou ter que escrever para libertar este peso da alma.
Esta empresa trata os empregados (pelo menos, em alguns serviços) como se estes não tivessem vida pessoal, como vivessem única e exclusivamente para o trabalho. Portanto, sucede que no meu serviço, quando começa o período de férias, não há pessoas suficientes para assegurar o desempenho correcto do trabalho. Então o que acontece é que quem fica tem que trabalhar dias seguidos sem folgas ou quando uma pessoas já está esgotada fica o serviço com uma pessoa sozinha em cada turno. Tudo isto poderia ser diferente caso as minhas colegas mais antigas quisessem colaborar com as novas e todas em conjunto dizermos à chefia que esta situação não pode ser sistema. Acontece que elas não querem, pois têm um pavor tremendo de serem despedidas (neste caso, seria pouco provável porque já estão na casa há 40 anos) e estão desde sempre habituadas a dizer sempre que sim à chefia, mesmo que isso implique prejudicar a vida pessoal, fazem tudo isso em troca de horas extra mal pagas.
Para mim, a surrealidade começa quando eu manifesto a minha opinião e uma delas fica amuada comigo e acusam-me de não querer trabalhar. Ora, a lei prevê dois dias de descanso semanal, sendo um deles obrigatório. Eu explico-lhes isso, mas é em vão, eu continuo a ser a má da fita e a chefia passou a santidade. Perante isto, o que é que eu posso fazer? Não é uma pessoa sozinha que consegue mudar o mundo, tem que existir união, caso contrário, se for apenas eu a manifestar-me, vou já para o olho da rua. Confesso que se actualmente fosse fácil arranjar um novo trabalho já o teria feito, mas assim vou ter que aguentar, pois sozinha não venço.

Os acontecimentos estranhos continuam... No local onde eu trabalho existe uma pessoa que tem como função distribuir correio, ora pelo que percebo, a distribuição é feita por etapas, à medida que o correio vai chegando. Geralmente, a pessoa precisa apenas de duas horas por dia para fazer o seu trabalho, uma de manhã e a outra de tarde. Ora, as restantes horas em que não há correio, o que é que a pessoa faz? Vem para a nossa sala sentar-se a ler revistas e perturbar o trabalho dos outros com conversas de treta. Ah, outras vezes, também dorme!! Mais uma vez, eu sou a única que acho esse comportamento estranho e quando me pronunciei fui acusada de ser má colega, porque a outra pessoa coitadinha não tem mais nada para fazer. Ok, isto dá vontade de cortar os pulsos, certo? Qualquer outra pessoa normal numa situação semelhante iria falar com a chefe para lhe atribuir outras funções.
Agora eu pergunto, com gente assim neste país, como é que isto pode melhorar?? Digam-me!! O governo é o retrato chapado do povo que o elegeu. O que é curioso é que a poveca vê os defeitos nos outros, mas os mesmos defeitos neles, pelos vistos, transformam-se em virtude.

Sunday, March 03, 2013

Viver não custa. Custa saber viver. II

Quando a situação económica das famílias é má, estes problemas são mais dificeis de resolver. O meu pai, o único sustento da casa, ficou sem trabalho. Após 6 anos a viver na corda bamba, sem conseguir encontrar trabalho em Portugal, teve que tentar a emigração. E ele conseguiu arranjar um trabalho em Inglaterra. A mentalidade portuguesa é tão infeliz. Cá o meu pai foi a várias entrevistas e subtilmente diziam que tinha demasiada idade para a função, lá fora, a idade e experiência profissional do meu pai foram muito importantes para que ele fosse seleccionado. Os empregadores portugueses precisam urgentemente de mudar a mentalidade. Não percebo porque é que em Portugal tudo é um entrave ao desenvolvimento. As mentes são mesquinhas, ainda se vive das aparências e sofre-se demasiado de "titulitis", ou seja, a mania dos títulos académicos. Muitos licenciados acham-se superiores só porque fizeram um curso e se alguém não os trata com o dr atrás, cai o Carmo e a Trindade. Eu também tenho uma licenciatura e não é por isso que me vou armar em carapau de corrida e fazer-me de superior. Somos todos iguais e somos todos precisos, desde o carpinteiro ao médico. Precisamos apenas de desempenhar as funções profissionais com competência e honestidade sejam elas quais forem.


Viver não custa. Custa saber viver.

Tenho um problema na minha vida que não sei como resolver. Sempre quis (e ainda quero) estar afastada desse problema, mas agora que o meu pai está fora do país, é comigo que vêm ter, é a mim que exigem "a solução" como se eu pudesse fazer um milagre.
Cresci numa família estranha, onde ninguém fala com outros familiares, nem existiam casais amigos para conviver. O elemento destabilizador sempre foi a minha mãe. Movida por caprichos sem fim, tudo tinha que ser feito como ela queria senão havia birra, instalavam-se discussões e os dias seguidos fechada no quarto a ignorar a existência do marido e da filha. E mesmo que todas as vontades estivessem satisfeitas, ela haveria de lembrar-se de algo para implicar e o inferno regressava. A isto chama-se "preso por ter cão e por não ter".
Desde que tenho noção de mim, o ciclo sempre foi este. Uma agonia repetitiva.
As idas aos psiquiatras acontecem há 20 anos, bem como o uso de antidepressivos. É certo que existe naquela pessoa uma patologia psicológica, não sei que designação tem, pois ao longo destes anos ouvi um diagnóstico diferente de cada psiquiatra. Desde bipolar, alcoólica e maníaco depressiva, os "sôtores" vão vomitando sapiência.
O estado psicológico foi agravando quando a ingestão excessiva de álcool e medicamentos começou a ser frequente.

Eu nunca consegui comunicar com a minha mãe, temos ideias diferentes da vida e, como em tudo na vida dela, se difere do que ela pensa, ela não fala para passar a gritar. Este modo de viver e estar para mim não serve e faz-me mal.
Quando tive oportunidade, aos 18 anos, saí da terra natal com a ideia de nunca mais regressar (pelo menos, para viver) e afastar-me de vez daquele inferno. Por outro lado, custou-me sempre ver que o meu pai teve que carregar o fardo sozinho, ainda que eu lhe apontasse soluções que ele não conseguiu concretizar.
Na boca da minha mãe, ela não tem nenhum problema e tudo o que faz é normal. Para ela, eu e o meu pai queremos fazê-la passar por maluca. Claro que, ela nunca quis ser tratada através de internamento. E falar-lhe nessa possibilidade era mais um motivo para amuar e beber álcool com comprimidos.
Posto isto, o meu pai e eu nunca soubemos o que fazer. Claro que foi pedida ajuda aos médicos que diziam (e neste caso concordo) "se a pessoa não quiser tratar-se os medicamentos não fazem milagres". O que não concordo é que digam que uma pessoa só pode ser internada, se ela aceitar sê-lo. Viva o sistema nacional de saúde merdoso.