Tenho um problema na minha vida que não sei como resolver. Sempre quis (e ainda quero) estar afastada desse problema, mas agora que o meu pai está fora do país, é comigo que vêm ter, é a mim que exigem "a solução" como se eu pudesse fazer um milagre.
Cresci numa família estranha, onde ninguém fala com outros familiares, nem existiam casais amigos para conviver. O elemento destabilizador sempre foi a minha mãe. Movida por caprichos sem fim, tudo tinha que ser feito como ela queria senão havia birra, instalavam-se discussões e os dias seguidos fechada no quarto a ignorar a existência do marido e da filha. E mesmo que todas as vontades estivessem satisfeitas, ela haveria de lembrar-se de algo para implicar e o inferno regressava. A isto chama-se "preso por ter cão e por não ter".
Desde que tenho noção de mim, o ciclo sempre foi este. Uma agonia repetitiva.
As idas aos psiquiatras acontecem há 20 anos, bem como o uso de antidepressivos. É certo que existe naquela pessoa uma patologia psicológica, não sei que designação tem, pois ao longo destes anos ouvi um diagnóstico diferente de cada psiquiatra. Desde bipolar, alcoólica e maníaco depressiva, os "sôtores" vão vomitando sapiência.
O estado psicológico foi agravando quando a ingestão excessiva de álcool e medicamentos começou a ser frequente.
Eu nunca consegui comunicar com a minha mãe, temos ideias diferentes da vida e, como em tudo na vida dela, se difere do que ela pensa, ela não fala para passar a gritar. Este modo de viver e estar para mim não serve e faz-me mal.
Quando tive oportunidade, aos 18 anos, saí da terra natal com a ideia de nunca mais regressar (pelo menos, para viver) e afastar-me de vez daquele inferno. Por outro lado, custou-me sempre ver que o meu pai teve que carregar o fardo sozinho, ainda que eu lhe apontasse soluções que ele não conseguiu concretizar.
Na boca da minha mãe, ela não tem nenhum problema e tudo o que faz é normal. Para ela, eu e o meu pai queremos fazê-la passar por maluca. Claro que, ela nunca quis ser tratada através de internamento. E falar-lhe nessa possibilidade era mais um motivo para amuar e beber álcool com comprimidos.
Posto isto, o meu pai e eu nunca soubemos o que fazer. Claro que foi pedida ajuda aos médicos que diziam (e neste caso concordo) "se a pessoa não quiser tratar-se os medicamentos não fazem milagres". O que não concordo é que digam que uma pessoa só pode ser internada, se ela aceitar sê-lo. Viva o sistema nacional de saúde merdoso.
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