Sunday, March 03, 2013

Viver não custa. Custa saber viver.

Tenho um problema na minha vida que não sei como resolver. Sempre quis (e ainda quero) estar afastada desse problema, mas agora que o meu pai está fora do país, é comigo que vêm ter, é a mim que exigem "a solução" como se eu pudesse fazer um milagre.
Cresci numa família estranha, onde ninguém fala com outros familiares, nem existiam casais amigos para conviver. O elemento destabilizador sempre foi a minha mãe. Movida por caprichos sem fim, tudo tinha que ser feito como ela queria senão havia birra, instalavam-se discussões e os dias seguidos fechada no quarto a ignorar a existência do marido e da filha. E mesmo que todas as vontades estivessem satisfeitas, ela haveria de lembrar-se de algo para implicar e o inferno regressava. A isto chama-se "preso por ter cão e por não ter".
Desde que tenho noção de mim, o ciclo sempre foi este. Uma agonia repetitiva.
As idas aos psiquiatras acontecem há 20 anos, bem como o uso de antidepressivos. É certo que existe naquela pessoa uma patologia psicológica, não sei que designação tem, pois ao longo destes anos ouvi um diagnóstico diferente de cada psiquiatra. Desde bipolar, alcoólica e maníaco depressiva, os "sôtores" vão vomitando sapiência.
O estado psicológico foi agravando quando a ingestão excessiva de álcool e medicamentos começou a ser frequente.

Eu nunca consegui comunicar com a minha mãe, temos ideias diferentes da vida e, como em tudo na vida dela, se difere do que ela pensa, ela não fala para passar a gritar. Este modo de viver e estar para mim não serve e faz-me mal.
Quando tive oportunidade, aos 18 anos, saí da terra natal com a ideia de nunca mais regressar (pelo menos, para viver) e afastar-me de vez daquele inferno. Por outro lado, custou-me sempre ver que o meu pai teve que carregar o fardo sozinho, ainda que eu lhe apontasse soluções que ele não conseguiu concretizar.
Na boca da minha mãe, ela não tem nenhum problema e tudo o que faz é normal. Para ela, eu e o meu pai queremos fazê-la passar por maluca. Claro que, ela nunca quis ser tratada através de internamento. E falar-lhe nessa possibilidade era mais um motivo para amuar e beber álcool com comprimidos.
Posto isto, o meu pai e eu nunca soubemos o que fazer. Claro que foi pedida ajuda aos médicos que diziam (e neste caso concordo) "se a pessoa não quiser tratar-se os medicamentos não fazem milagres". O que não concordo é que digam que uma pessoa só pode ser internada, se ela aceitar sê-lo. Viva o sistema nacional de saúde merdoso.

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